O autor demonstra como a estruturação do poder entre os internos da Fundação é simétrica ao que ocorre nos presídios e periferias de São Paulo, marcados pela ordem imposta pelo PCC (Ronaldo de Ameida)...

Cadeias dominadas
A Fundação CASA suas dinâmicas e as trajetórias de jovens internos

autor:

 Fábio Mallart

capa:

Studio DelRey

prefácio:

Vera da Silva Telles

posfácio:

Rose Satiko Gitirana Hikeji

orelha:

Ronaldo de Almeida

acabamento:

brochura

páginas:

264

formato:

14 x 21 cm

ISBN brochura:

978-85-7816-131-6

ISBN e-book:

9788578162894

confira aqui o Clipping...

Muralhas com arame farpado, portões de aço, menções ao Primeiro Comando da Capital (PCC) cravadas pelas paredes, grades por todos os lados e postos de vigilância. Poderia ser uma prisão, mas esse é o cenário das Unidades de Internação da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA), antiga FEBEM. Embora planejada para promover medidas socioeducativas às crianças e aos adolescentes que cometeram atos infracionais no estado de São Paulo, uma série de medidas governamentais aplicadas se assemelham ao tratamento dispensado à população carcerária adulta. “Percebe-se que a dinâmica de funcionamento do sistema socioeducativo de internação, progressivamente, se alinha à lógica de funcionamento do sistema penitenciário paulista”, explica o antropólogo Fábio Mallart, autor de Cadeias Dominadas (Terceiro Nome, 2014).

 

Em seu livro, Fábio Mallart também mostra que muitas unidades de internação, conhecidas como “cadeias”, são “dominadas” pelos adolescentes, que determinam todas as ações do cotidiano e instauram uma estrutura de funcionamento típica do PCC. Os adolescentes em conflito com a lei, com cargos definidos por eles mesmos, usam uma espécie de código de ética do PCC e até definem os locais onde os agentes de segurança devem fazer o monitoramento.

 

Mallart ministrou oficinas de fotografia aos adolescentes dos complexos do Brás, Franco da Rocha, Tatuapé, Vila Maria e Raposo Tavares, entre 2004 e 2009, o que lhe permitiu acompanhar de perto a dinâmica da Fundação Casa e compreender a rotina dos internos, revelando como o país, em particular o estado de São Paulo, lida com crianças e adolescentes que se encontram em conflito com a lei.

 

Fábio Mallart é mestre em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) e membro do Núcleo de Etnografias Urbanas (CEBRAP).